sábado, 19 de julho de 2014

Comissão quer dispensar 2 milhões de famílias da entrega da declaração de IRS

A Comissão de Reforma do IRS pretende que mais de dois milhões de famílias deixem de entregar a declaração anual deste imposto, propondo que apenas quem auferir mais de 8.145 euros anualmente tenha de o fazer. 

O anteprojeto de reforma apresentado hoje pela comissão defende o alargamento  da dispensa de entrega de declarações de IRS (Imposto sobre o Rendimento  de Pessoas Singulares) a "todos os contribuintes que se encontrem abrangidos  pelo mínimo de existência e apenas aufiram rendimentos da categoria A  1/8trabalho  dependente 3/8 e H  1/8pensões 3/8".  
O mínimo de existência corresponde atualmente aos 8.145 euros, ou seja,  o valor anual do salário minímo nacional (485 euros) recebido em 14 meses,  acrescido de 20%.  
 
Segundo informação da Autoridade Tributária e Aduaneira, em 2014 foram  dispensados de apresentação da declaração de IRS os contribuintes com rendimentos  de pensões pagas por regimes obrigatórios de proteção social e rendimentos  do trabalho dependente de montante inferior a 72% de 12 vezes o salário  mínimo nacional mais elevado, ou seja, 4.104 euros.
 
O alargamento da dispensa agora proposto "visa eliminar as obrigações  declarativas de mais de dois milhões de famílias e reduzir os custos de  contexto de uma parte significativa dos contribuintes portugueses", explica  a comissão.  
 
Com esta medida, a administração fiscal fica ainda obrigada a emitir  uma certidão comprovativa dos rendimentos auferidos por estes contribuintes  dispensados, utilizando os dados que já possui, para poder ser utilizada  para efeitos de apoios sociais, indicam os técnicos.
 
Entre as medidas de simplificação do IRS está também a criação da declaração  simplificada deste imposto: "Todos os contribuintes que estejam abrangidos  pela tributação separada passarão a beneficiar de uma declaração totalmente  pré-preenchida pela administração fiscal, que apenas terão de confirmar",  explica a comissão.
 
A proposta procura reduzir os custos de cumprimento da declaração e,  estimam os especialistas, "permitirá reduzir significativamente as obrigações  declarativas de um universo potencial de 1,7 milhões de famílias em Portugal".
 
O anteprojeto de reforma prevê também um reforço do combate à fraude  e à evasão fiscal em sede de IRS, através de um "maior cruzamento de dados  comunicados por via da Declaração Mensal de Remunerações e do reforço da  aplicação do regime das 'manifestações de fortuna'.  
 
A lei geral tributária admite a possibilidade de o fisco poder corrigir  os rendimentos declarados pelos contribuintes sempre que estes apresentem  alguma manifestação de fortuna, como despesas com aquisição de carros ou  imóveis de elevado valor, entre outros, ficando o contribuinte com o ónus  de provar que essas despesas são compatíveis com os rendimentos que declarou.
 
Liderada pelo fiscalista Rui Duarte Morais e composta por 10 elementos,  a Comissão de Reforma do IRS tomou posse a 18 de março e apresenta hoje  o anteprojeto, seguindo-se um período formal de consulta pública do documento.
 
Posteriormente, caberá ao Governo apresentar na Assembleia da República  uma proposta de lei sobre esta matéria, tendo o secretário de Estado dos  Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, afirmado no parlamento que é intenção do  Governo que a reforma seja "objeto de uma proposta autónoma de lei", não  sendo por isso incluída no Orçamento do Estado para 2015, tal como já sucedeu  com a reforma do IRC - Imposto sobre o Rendimento de Pessoa Coletiva.
 
     
Lusa
 

 

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