terça-feira, 27 de maio de 2014

Quer ser ‘freelancer’? Saiba o que deve ter em conta

Ser 'freelancer' é ter mais tempo para si próprio, mas também implica boa gestão do tempo e do dinheiro. Conheça os conselhos do Saldo Positivo.
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Foi há dois anos que Sónia Gomes Costa, jornalista de profissão, decidiu dizer “basta” à rotina de acordar às oito da manhã, vestir-se à pressa e sair a correr para o trabalho, para oito horas mais tarde estar a fazer o caminho inverso, já com energia bastante reduzida. Esta decisão prendeu-se a necessidade de “procurar uma maior disponibilidade mental, emocional e temporal para viver ao meu ritmo, escrever o que gosto de escrever… desfrutar mais do trabalho sem ter aquele peso que é só o ganha-pão, mas também a minha paixão”, contou a jornalista ao Saldo Positivo. “Isto permite-me viver a vida com maior disponibilidade e também descobrir novas paixões, o que de outra forma, a trabalhar em redações ou com horário fixo, nunca tinha sido possível”, prossegue.

Trabalhar por conta própria é uma decisão ousada e arrojada. As vantagens de ser ‘freelancer’ são muitas: a pessoa gere o tempo à sua vontade, escolhe o trabalho que quer ou não fazer e tem tempo para desenvolver projetos paralelos que goste. Por outro lado, se não souber gerir muito bem a situação, podem surgir alguns contratempos, principalmente no que diz respeito às finanças. Por isso mesmo, não deverá fechar os olhos e esperar que a situação se resolva sozinha. Ao ser ‘freelancer’ necessita cuidar de todos os aspetos do seu negócio para garantir que é sustentável.

Até agora, Sónia Gomes Costa não se arrependeu da decisão que tomou: “Há altos e baixos, mas depende mais da forma como giro esta decisão e enfrento os desafios. Talvez o maior seja a gestão do tempo e também dos recursos financeiros, mas como sou muito disciplinada e gosto de trabalhar sozinha, até porque sinto que sou mais criativa e produtiva, adoro estar livre, apesar da aparente instabilidade ou falta de segurança material”, explica.

Prepare-se para os contratempos

As maiores dificuldades com que esta trabalhadora independente se deparou estão relacionadas com o mercado. “Conseguir colaborações regulares, publicar os meus trabalhos e ser paga pelo serviço prestado de forma justa… ou até ser paga, porque já aconteceu não me pagarem depois de ter escrito textos”, refere. Apesar das contrariedades do mercado Sónia Gomes Costa deixa um conselho: “Há que acreditar, ser disciplinada, resiliente, disponível para as oportunidades, procurar essas oportunidades, saber dar a volta à escassez e ao medo”.

Existem muitos erros cometidos, principalmente quando ainda se é inexperiente, e um dos principais é não ter um fundo maneio para situações de emergência. Devido à instabilidade da condição de ‘freelancer’, até conseguir clientes certos e estabelecer rendimentos com alguma regularidade, é muito difícil saber quanto dinheiro vai ganhar nos próximos meses. Não planear o ano é outro “pecado” cometido: ao tornar-se ‘freelancer’ vai deixar de ter um ordenado fixo, por isso, deve organizar-se para que tenha sempre dinheiro reservado para pagar as despesas mensais, mesmo nos meses em que o trabalho não abunda. A má gestão do tempo também pode afetar o sucesso da carreira como trabalhador independente, por isso, é tão importante saber gerir o tempo, como gerir as finanças, de forma a não descurar nenhuma das tarefas agendadas.

Tenha ainda em consideração que irá perder alguns dos benefícios que tinha enquanto trabalhador com contrato numa empresa, como por exemplo, o subsídio de férias ou o subsídio de Natal. Além disso, terá de fazer os seus próprios descontos para a segurança social, assim como terá de pagar os respetivos impostos sobre os rendimentos auferidos. Conheça então alguns conselhos para ajudá-lo a ter sucesso como ‘freelancer’.

Sete conselhos para as suas finanças não resvalarem:

1. Faça um orçamento mensalTodas as pessoas devem ter um orçamento familiar. É necessário saber exatamente quais são as suas fontes de rendimento (que no caso dos ‘freelancers’ costumam ser diversificadas), e quais são as despesas fixas e variáveis mensais, para conseguir encontrar uma margem para poupar e saber quanto dinheiro tem disponível para gastar no que lhe apetecer.
No caso dos trabalhadores independentes fazer um orçamento pode ser difícil pois muitas vezes é difícil prever com exatidão quanto é que vai ganhar em cada mês. Por isso mesmo é aconselhável que faça uma estimativa (sempre por baixo) de qual será o seu rendimento mensal e sempre que conseguir ganhar mais dinheiro, ponha-o de lado para os meses em que o trabalho escasseia.

2. Controle o seu dinheiroNão basta fazer um orçamento familiar: É também imprescindível que mantenha o controlo sobre todos os gastos pessoais, para evitar que o orçamento descarrile. Por exemplo, para controlar os seus gastos, Sónia Gomes Costa faz mapas mensais do orçamento para gerir as despesas que tem e os honorários a receber nesse mês. “Há meses mais equilibrados e tudo bate certo (e respiro tranquila) e até pode sobrar dinheiro que depois invisto em coisas fora das despesas fixas para fazer atividades que me dão prazer (cinema, teatro, concertos, jantar fora, etc…)”. Além disso, esta trabalhadora ‘freelancer’ tem desde julho de 2013 um mealheiro, no qual vai depositando moedas, conforme a sua disponibilidade.

3. Lembre-se dos impostosQuando trabalha por conta própria é muito importante que tenha as suas contas em ordem e conheça as suas obrigações para não ter problemas com o Fisco ou com a Segurança Social.
De uma forma muito resumida estas são as obrigações de um trabalhador a “recibos verdes”: Todos os meses tem de pagar a Segurança Social e tem de fazer retenção na fonte (25%) para efeitos de IRS. Se no ano anterior tiver recebido até 10 mil euros não é obrigado a fazer retenção na fonte todos os meses e apenas tem de “acertar contas” com as Finanças quando entregar a sua declaração de IRS. Se tiver recebido um valor acima dos 10 mil euros, passa a ser obrigado a fazer retenção na fonte todos os meses.

Há ainda a responsabilidade de pagar o IVA, cujo pagamento é feito trimestralmente. Se no ano civil anterior não tiver obtido rendimentos brutos superiores a 10 mil euros, o trabalhador está isento de fazer a cobrança de IVA. De ressalvar que a Segurança Social e IRS são suportados pelo próprio, enquanto o IVA é suportado pelo cliente.

Portanto, ter a “papelada” organizada é sinónimo de finanças pessoais saudáveis. Um conselho: faça um mapa anual com todas as obrigações às Finanças e Segurança Social, para que não lhe escape nenhum pagamento.

4. Tenha um fundo de emergênciaTal como acontece no orçamento familiar mensal, todas as pessoas também deveriam ter um fundo de emergência que contenha um valor equivalente a, pelo menos, seis meses de despesas fixas mensais para alguma eventualidade. No caso dos trabalhadores ‘freelancer’, este fundo de emergência é ainda mais urgente e deverá ser mais abastado, pois funciona como uma rede de segurança.

5. Cobre um preço justoComo ‘freelancer’ necessita saber quanto é que o seu trabalho vale. Determinar quanto é que uma hora do seu dia de trabalho vale pode ser intimidativo, por isso, o melhor é fazer as contas: conheça todas as suas despesas fixas e variáveis, conte com o subsídio de férias, de natal e de almoço que não recebe ao trabalhar por conta própria, defina quantas horas é que vai trabalhar por semana e chegue a um valor.
É importante que não cobre menos do que precisa para viver, se não pode dar-se o caso de deixar de conseguir fazer face às despesas mensais ou então acaba por apenas conseguir pagar as contas fixas, ficando sem margem para nada, como um jantar fora ou comprar uma peça de roupa que necessite

6. Seja “camaleão”Se decidir trabalhar por conta própria terá de habituar-se a viver na “corda bamba”. Quando os rendimentos mensais são menores do que estava à espera (porque um cliente ainda não pagou, por exemplo) deverá conseguir viver com menos dinheiro. Nestas situações, evite recorrer demasiado ao cartão de crédito, caso contrário poderá entrar em situação de sobre-endividamento, da qual é difícil sair.
Outro aspeto a ter atenção é que deve ajustar a sua remuneração aos tempos. Se mantiver o mesmo preço, enquanto o custo de vida aumenta, pode dar por si apenas a “sobreviver”. Mas também não deverá aumentar de tal forma o preço, que afugente os seus clientes.

7. Poupe para a reformaEste ponto é muito importante. Todas as pessoas têm de poupar para a reforma para não perderem qualidade de vida de vida durante a velhice, mas os trabalhadores independentes devem fazer um esforço extra para colocar todos os meses algum dinheiro de lado. Pode ser mais difícil, porque não existe a certeza de quanto dinheiro irá ganhar todos os meses e se vai dar para canalizar para a poupança, e exige alguma ginástica, mas deverá habituar-se a fazê-lo.
Quanto mais depressa começar, menor será o esforço mensal.

Cinco sites para encontrar emprego para ‘freelancers’
- Zaask – É uma espécie de rede social onde os trabalhadores ‘freelancers’ podem oferecer o seu trabalho. E quem procura determinado serviço também podem afixar o pedido.
- Elance – É um dos melhores sites para ‘freelancers’ de várias áreas, como escritores, jornalistas, advogados, consultores financeiros, entre outros.
- Guru – Aqui pode encontrar trabalhos para ‘freelancers’ em áreas diversas como tradução, design, arquitetura ou vendas.
- People per Hour – Aqui pode criar um perfil que chame à atenção de potenciais contratadores e enviar propostas para possíveis clientes.
- Pitch me – É um site especifico para jornalistas, que se divide por moda, ciência, cultura, política, tecnologia, entre outros.

Fonte: saldopositivo.cgd.pt

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